Revalorizando as Plantas Alimentícias Não Convencionais (V13, N2)

A crescente padronização das dietas resultante do controle dos sistemas agroalimentares por um punhado de corporações transnacionais tem sido responsável pelo abandono de uma enorme diversidade de plantas alimentícias não convencionais (Pancs) que por séculos contribuíram para a soberania e a segurança alimentar e nutricional dos povos. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), apenas 15 espécies cultivadas respondem atualmente por 90% da alimentação mundial, com apenas três delas (arroz, milho e trigo) representando dois terços do total.

Ironicamente, o mesmo sistema de poder corporativo que promove o processo de erosão da agrobiodiversidade vem tirando proveito desse restrito leque de cultivos alimentares. Exemplo disso é o novo fenômeno mundial ligado à promoção comercial de um número limitado de espécies pouco conhecidas sob a alegação de que são portadoras de propriedades alimentícias excepcionais. A criação dos chamados cultivos biofortificados é outra evidência da estratégia adotada pela indústria de alimentos para explorar comercialmente o crescente anseio da população por alimentos de qualidade. A expressão máxima dessa trajetória de apropriação privada da alimentação é o patenteamento de produtos e princípios ativos derivados de espécies alimentícias com o intuito de assegurar direitos monopólicos para as grandes empresas do ramo agroalimentar.

A próxima edição da Revista Agriculturas abordará as estratégias agroecológicas voltadas a revalorizar as plantas não convencionais como caminho para a garantia do direito humano à alimentação. Essas estratégias contrariam a tendência à mercantilização dos alimentos e à adoção de soluções biotecnocráticas baseadas numa visão reducionista de proteção da biodiversidade. Pela perspectiva agroecológica, a diversidade biológica e a diversidade cultural integram-se organicamente formando patrimônios bioculturais que devem ser protegidos e promovidos. A partir dessa abordagem do tema, apontamos algumas possíveis questões orientadoras da elaboração dos artigos que esperamos receber: Que metodologias vêm sendo adotadas para revitalizar as tradições ligadas ao cultivo e uso das Pancs em comunidades rurais e urbanas? Como essas plantas vêm sendo revalorizadas nos mercados locais? Que papeis específicos as mulheres desempenham na defesa e na promoção das Pancs? Como a pesquisa acadêmica vem se articulando a dinâmicas sociais locais voltadas à conservação e ao uso dessas espécies? Como as políticas públicas podem contribuir para fortalecer essas dinâmicas?

Data-limite para o envio dos artigos: 22 de maio de 2016

 

Instruções para elaboração de artigos

Os artigos deverão descrever e analisar experiências concretas à luz da chamada temática, procurando extrair ensinamentos que sirvam de inspiração para grupos envolvidos com a promoção da Agroecologia.

Os artigos devem ter até seis laudas de 2.100 toques (30 linhas x 70 toques por linha). Os textos devem vir acompanhados de duas ou três ilustrações (fotos, desenhos, gráficos), com a indicação de autores e respectivas legendas.

Os autores devem informar dados para facilitar o contato de pessoas interessadas na experiência. Envie para revista@aspta.org.br.